Subprime: conheça como este tipo de crédito afetou a economia global

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Independente de estar inserido ou não no setor financeiro, boa parte da população mundial se deparou em algum momento com o termo “subprime”. Isso porque esta modalidade de crédito foi um dos principais fatores para crise no mercado imobiliário norte-americano, que teve início no ano de 2008.

Dessa forma, entender o que é o subprime e o que foi a Crise de 2008, é importante para quem busca atuar com investimentos. Afinal, entender este exemplo pode ser útil para quem busca investir em capital de risco.


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O que é o subprime

Subprime é uma modalidade de crédito de risco, cujo foco é oferecer empréstimos para partes que não conseguem comprovar sua estabilidade financeiro, isto é, uma linha de crédito direcionada para clientes sem garantias acerca da sua adimplência.

Vale destacar que tal termo surgiu na primeira década dos anos 2000, nos Estados Unidos, quando os serviços de crédito de segundo linha passaram a ganhar destaque no mercado imobiliário do país.

Entre outras coisas, as taxas de juros reduzidas e o crescimento da economia dos EUA foram fatores determinantes para criação deste serviço.

Assim, instituições bancárias criaram hipoteca de alto risco, sendo estas voltadas para um novo público.

Todavia, como as próprias instituições, estes novos clientes apresentavam riscos elevados, pois eram carentes em três importantes aspectos, no caso:

  1. Renda;
  2. Emprego;
  3. Patrimônio.

Ou seja, em troca de conseguir arrecadar com juros mais elevados e com a alienação do imóvel, os bancos aceitaram correr um risco maior.

O que foi a Crise do Subprime

Como introduzido até aqui, o subprime foi um produto financeiro com bastante destaque no mercado norte-americano na primeira década dos anos 2000.

Todavia, devido ao seu formato, este produto financeiro causou uma bola no mercado imobiliário dos EUA.

Em julho de 2007, está bolha começou a causar seus primeiros impactos, quando se deu o início da crise hipotecária nos Estados Unidos, fator que comprometeu diferentes instituições financeiras.

Além da crise imobiliária, este contexto também passou a afetar o índice Dow Jones e a economia dos EUA, em um primeiro momento.

Em suma, o crescimento dos empréstimos hipotecários podres influenciaram na crise do mercado de crédito dos EUA, especialmente com a explosão de negociações de CDSs (Credit Defaut Swaps) e CDOs (Collateralized Debt Obligation).

Ou seja, passando os riscos referentes aquele contexto para terceiros, impactando assim um número maior de partes ao longo do tempo.

Em 29 de setembro de 2008, a crise chegou ao seu auge, quando algumas das principais instituições financeiras dos EUA declararam falência, como foi o caso de Lehman Brothers.

Tal situação foi tão marcante que a data ficou conhecida como “segunda-feira negra” e teve impacto em todo mercado global.

Dessa forma, é importante entender os principais pontos que levaram à Crise do Subprime.

Causas da crise

Como visto até aqui, a Crise do Subprime foi algo desencadeado por uma série de ações, das quais é possível destacar:

  • Concessão irrestrita de crédito;
  • Transferência de crédito;
  • Inadimplência;
  • Desvalorização imobiliária.

Portanto, é útil apresentar separadamente as causas da Crise do Subpime e como eles contribuíram para o agravamento da crise nos EUA.

Concessão irrestrita de crédito

Antes da primeira década dos anos 2000, os empréstimos disponibilizados pelos bancos, especialmente envolvendo imóveis, eram voltados para públicos com alta renda.

Todavia, o número de clientes com este perfil foi diminuindo ao longo das décadas.

Assim, as instituições financeiras começaram a buscar alternativas, sendo que neste contexto surgem os subprimes.

Dessa forma, os bancos passaram a oferecer crédito irrestrito para clientes com um histórico financeiro ruim.

Ainda que tenha funcionado no início, quando os imóveis seguiram com valor elevado, tal estratégia foi criando uma bolha no mercado de crédito imobiliário norte-americano.

Especialmente porque as dívidas só eram cumpridas através do processo de rolagem, que a data de pagamento era adiada, em troca do aumento dos juros.

Além disso, os calotes foram se tornando cada vez mais frequentes e elevados.

Transferência de crédito

Devido à dificuldade de receber os valores referentes aos empréstimos, as instituições financeiras passaram a securitizar os títulos da dívida.

Ou seja, fizeram os créditos de alto risco se tornarem derivativos, negociados na bolsa de valores com um valor superior ao título original.

Dessa forma, os CDSs e CDOs ganharam espaço do mercado financeiro, especialmente pelas agências financeiras classificarem como ativos confiáveis.

Assim, o mercado global foi afetado por estes “títulos podres”.

Inadimplência

Quando a taxa básica de juros da economia norte-americana aumentou, houve um processo de inadimplência em massa envolvendo as hipotecas suprime.

Dessa forma, as instituições financeiras passaram por insolvência, o que fez com que instituições financeiras tradicionais dos EUA decretassem falência.

Visando reverter tal cenário, o governo dos Estados Unidos tentou realizar empréstimos.

Contudo, a Crise dos Subprime passaram a afetar a economia local e global como um todo.

Desvalorização imobiliária

Por fim, mas não menos relevante, houve a queda no valor dos ativos imobiliários.

Afinal, as pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas, entregavam o imóvel para instituição financeira, que, por sua vez, sofreram com a desvalorização daqueles ativos.

Além disso, a dívida de boa parte das pessoas era maior que o valor do imóvel, agravando os efeitos da bolha imobiliária.

Impactos da Crise do Subprime

Pelo posto de principal economia do mundo, o impacto da Crise do Subprime nos EUA teve um impacto direto na economia global.

Por exemplo, na segunda-feira negra a Bovespa teve uma queda superior a 10%. O mesmo contexto se repetiu em diversas bolsas de valores ao redor do mundo.

Além disso, governos de diversos países passaram a regulamentar questão envolvendo crédito de risco, especialmente buscando que tal cenário não acontecesse novamente.

Especialmente pelas consequências de médio prazo da crise, sendo que, em 2012, a dívida pública do governo dos EUA ultrapassou a marca de 100% de seu PIB.

Fator que fez com que o país revisse suas finanças em diferentes aspectos, impactando outras economias ao redor do globo.

O Bitcoin, primeira moeda do globo, também surgiu deste contexto, sendo que a crescente desconfiança no Estado e nos bancos foi um dos principais motivos para sua criação.

Dessa forma, é possível elencar que a Crise do Subprime teve um impacto direto em diferentes contextos da economia global, incluindo as questões envolvendo empréstimos e juros.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).