Cooperativa financeira é mantida pelos próprios cooperados

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Cooperativa Financeira

A cooperativa financeira está sempre presente nos debates sobre alternativas viáveis para acelerar o desenvolvimento econômico do país e, também, para solucionar problemas mais complexos.

Nesse contexto, a cooperativa financeira obtém especial destaque. O sistema de cooperativas de crédito no Brasil funciona como uma forma eficaz de incrementar a competitividade das empresas, estando disponível em diversas modalidades.

O que é uma cooperativa financeira?

Cooperativa financeira é uma instituição composta por um grupo de indivíduos, com natureza e forma jurídica própria, sem fins lucrativos, de natureza civil e não submetida à possibilidade de falência.

De maneira idêntica, essa instituição também pode ser chamada de cooperativa de crédito, integrando o SFN (Sistema Financeiro Nacional). Contudo, o objetivo central das cooperativas financeiras consiste em prestar serviços e propiciar crédito de modo mais vantajoso e simples aos seus associados.

Todavia, o cooperativismo financeiro é constituído por instituições complexas, uma vez que se destinam, sobretudo, a proporcionar a prestação de importantes serviços financeiros aos associados.

Sob este ponto de vista, é restrito aos seus membros a concessão de créditos e a captação de recursos, em conformidade com a Lei Complementar 130. Por conseguinte, as cooperativas não fazem atendimentos ao público, mas somente aos seus associados.

Como funciona uma cooperativa financeira?

Nas cooperativas, o mais importante são as pessoas, os associados. Já em outras instituições financeiras, por exemplo, essa importância é atribuída ao capital.

Inesperadamente para muitos leigos no assunto, cada um dos associados, ainda que possua o mínimo requerido de cotas-parte em uma dada cooperativa, terá os mesmos direitos dos demais.

Isso porque o objetivo central das cooperativas não se encontra nos lucros, ou seja,os lucros não são sua prioridade. Só que elas precisam obter bons resultados para arcarem com seus custos e crescer.

Nesse ínterim, o termo “lucro” não é utilizado, sendo substituído pelo conceito de “sobras”. Enfim, as sobras que são apuradas do DR (Demonstrativo de Resultados) ao fim do exercício (ou seja, em 31 de dezembro) passam a ser rateadas, proporcionalmente à participação, aos associados.

A princípio, por não ter fins lucrativos, as sobras (resultados) anuais das cooperativas são isentas de quaisquer tipos de tributos. Ou por outra, todos esses elementos são revertidos em benefícios aos associados e materializados na redução significativa de tarifas e taxas de juros.

Em seguida, devemos considerar a natureza jurídica própria dessas instituições. Assim que são constituídas, elas se enquadram como “sociedade limitada”.

A fim de funcionar como quaisquer outras sociedades desse tipo, os cotistas (associados) respondem pela organização até o exato limite de suas respectivas cotas.

Da mesma forma, enquanto integrante do Sistema Financeiro Nacional, as cooperativas financeiras são fiscalizadas pelo BC (Banco Central). A saber, os seus balanços passam por auditorias externas especializadas.

Quais as vantagens de trabalhar de forma cooperativa?

Posteriormente à sua vinculação como associado de uma cooperativa, você será considerado um dos donos, podendo participar, com voz ativa, das assembleias. Antes que se decida, porém, há outras vantagens pessoais e financeiras que merecem destaque, tais como:

Independência e autonomia

O funcionamento da cooperativa financeira é controlado por seus associados. Seja como for, todos os acordos e negociações que, eventualmente, sejam firmados com terceiros (empresas, organizações, associações, etc) devem manter e garantir tal condição.

Informação, formação e educação

Por causa de objetivos como esses, as cooperativas financeiras são mantidas em caráter permanente. Assim sendo, destinam ações e recursos para a formação de seus associados, visando capacitá-los na prática do cooperativismo.

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Atendimento diferenciado

Primeiramente, os associados não são atendidos como simples clientes, mas como um de seus donos.

Conforme mencionado, um dos aspectos mais importantes reside no fato de que, ao se tornar um cotista, você fará negócios com uma instituição que devolverá, por meio do rateio das sobras, tarifas e juros pagos em quantias superiores ao devido.

A sua parte pode ser tanto em dinheiro quanto na aquisição de novas cotas-partes, a depender das decisões tomadas em Assembleia. Similarmente, no caso de perdas, as diferenças são compensadas via resultados futuros.

Depois que avaliar a situação, se o cooperado desejar se retirar dessa sociedade, poderá, ainda, receber os valores referentes às suas cotas-partes.

Rendimentos superiores

Por mais que as cooperativas financeiras sejam uma alternativa vantajosa, é altamente recomendável aplicar uma reserva financeira (caso a tenha disponível) como depósito a prazo. Pelo contrário dos rendimentos oferecidos no mercado financeiro, essa opção é a mais inteligente.

Por consequência, tenha em mente que as cooperativas financeiras usufruem de isenções tributárias, não sendo obrigadas ao recolhimento compulsório de depósitos, como ocorre com os bancos. Por analogia, isso possibilita uma taxa de retorno maior aos cooperados.

Taxas de juros

As cooperativas financeiras disponibilizam linhas de crédito que apresentam taxas de juros inferiores e, em sua maior parte, não costumam cobrar tarifas por serviços como cadastros, transferências, fornecimento de talões, dentre outros.

Em outras palavras, mesmo quando esses tipos de cobranças são realizados (embora seja algo raro no universo das cooperativas), elas são sempre inferiores em comparação às praticadas por bancos comerciais.

Quais são os princípios do cooperativismo?

Como as cooperativas financeiras são regidas por princípios que partem de ideais humanistas e progressistas, eles foram aprovados pela ACI (Aliança Cooperativista Internacional), sediada na cidade inglesa de Manchester, em 1995.

Entre os princípios de maior relevo, podemos destacar:

Gestão democrática

A gestão deve ser realizada por cooperados que, mediante assembleias, discutem e votam sobre os objetivos e as metas de trabalho em conjunto. Em contrapartida, são os associados que elegem seus representantes – responsáveis pelas tarefas de administração da associação.

Em resumo, cada cooperado representa um voto. Só para ilustrar, ainda que um determinado associado possua mais cotas do que os outros, os votos de todos têm o mesmo peso.

Adesão livre e voluntária

Outrossim, as cooperativas financeiras são instituições que se abrem à participação de qualquer indivíduo, independentemente de orientação religiosa, inclinação política, raça, classe social ou sexo.

Porquanto deseje ingressar como associado, o candidato deve conhecer o sistema e avaliar se possui todas as condições essenciais para cumprir os acordos firmados pela maioria dos cotistas.

Intercooperação

Desde que a intenção de todos os cotistas conflua para o fortalecimento da cooperativa financeira, é crucial que elas busquem, ao máximo, o intercâmbio de serviços, de produtos e, sobretudo, de informações.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).