Novo Mercado: entenda o segmento criado para defender os investidores

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O mercado financeiro é um mar de possibilidades e, para a listagem de ações não seria diferente. Nesse sentido, um dos possíveis segmentos para listagem das empresas é o Novo Mercado.

O Novo Mercado se caracteriza por aumentar a transparência e implementar medidas internacionais no que tange as informações contábeis, além de defender o investidor no momento de OPA.

O que é novo mercado?

O novo mercado é um dos segmentos presentes na bolsa de valores do Brasil que apresenta como principal característica ser composto somente por empresas que apresentam um elevado nível de governança.

Esse segmento teve origem no ano de 2000 e é adotado de forma voluntária pelas empresas que desejam participam do índice de empresas com os melhores níveis de governança e transparência. 

Nesse sentido, ao adotar esse segmento, as empresas estão demonstrando aso investidores, sejam eles institucionais ou pessoas físicas, que ela faz parte de uma parcela diferenciada de empresas.

Com isso, é comum que essas empresas apresentem uma melhor imagem no mercado, o que corrobora para o aumento de seu valuation.

Entretanto, como tudo no mercado, existe um trade-off, o qual acarreta maiores despesas administrativas, visto que é necessário manter setores de auditoria e compliance capacitados.

O segmento se tornou tão relevante dentro da B3 que até mesmo criaram um índice de mercado, o IGC-NM (Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado), que serve como benchmark aos investidores que tem como base a aplicação em empresas desse segmento.

Importante salientar, que além do Novo Mercado existem os seguintes segmentos de listagem:

  1. Bovespa Mais;
  2. Bovespa Mais Nível 2;
  3. Nível 1;  
  4. Nível 2.

Como funciona o novo mercado?

Sem dúvidas, o segmento de listagem do Novo Mercado é o mais seguro, transparente e confiável dentro da bolsa de valores.

Por essa razão, para que seja possível se enquadrar nele a empresa que irá emitir ações via oferta pública inicial (IPO) ou aquela que deseja mudar o seu segmento, deverá seguir algumas regras.

Regras para participar do Novo Mercado

Apesar de ser adotado de forma voluntária, as empresas que desejam entrar nesse mercado e aproveitar todas as benesses da participação, devem seguir algumas regras, como:

  • Apresentar tag along de 100% para que quando ocorra mudança de controle da empresa todos os acionistas recebam a mesma oferta por sua fatia, independente da quantidade de ações;
  • Percentual mínimo de ações em circulação (free float) de 25% ou 15% no caso de um ADTV (average daily trading volume) maior do que R$ 25 milhões;
  • Implementar em seu organograma os setores de auditoria e compliance;
  • O processo de OPA, ou seja, retirada das ações da bolsa deve ser aprovada por dois terços dos acionistas;
  • Apresentar, ao menos, 20% dos conselheiros independentes;
  • Divulgar de forma mensal as negociações com valores mobiliários de emissão da empresa;
  • Demonstrações contábeis bilingue, isto é, em inglês e português;

Além de seguir essas regras, é importante salientar que as empresas que decidiram pela listagem no novo mercado não apresentaram ações preferências, ou seja, apenas ações ordinárias, de código 3, serão negociadas.

Por que o Novo Mercado é valorizado pelos investidores?

Após entender como uma empresa se torna participante do Novo Mercado, fica fácil identificar os motivos que levam os investidores a preferirem as ações de companhias que estão inseridas nesse segmento.

Nesse sentido, ao intensificar a defesa dos acionistas, principalmente quando falamos do tag along e, por demonstrar maior transparência, via auditoria, conselheiros independentes e compliance, os investidores se sentem mais confortáveis e seguros com a escolha dessas empresas para a sua carteira.

Dessa maneira, ao se deparar com empresas do mesmo setor, mas que não estão no mesmo segmento de listagem, por conta da transparência e da forma de demonstração contábil, as do novo mercado tem a preferência do investidor.

Quais empresas participam do Novo Mercado?

Agora que você já sabe o que é o Novo Mercado quais são as regras para que uma empresa esteja listada nesse segmento, a pergunta que fica é quais são as ações que estão dentro dele.

Assim, como um primeiro filtro para que seja possível identificar se é ou não vantajoso o investimento em uma empresa, saber identificar se uma empresa está no Novo Mercado é essencial.

Para facilitar a busca por essas empresas, dentro do site da B3 é possível encontrar não só as ações que fazem parte do índice, mas também as regras que elas seguem na íntegra.

Para exemplificar, seguem algumas das ações que estão dentro do segmento: Ciel0 (CIEL3), Grendene (GRND3), Vale (Vale3), Energias do Brasil (ENBR3), SLC Agrícola (SLCE3), Petrorio (PRIO3), entre outras.


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Quais são as vantagens do Novo Mercado?

Para que fique claro, é necessário dividir as vantagens oriundas do novo mercado para os investidores e para as empresas.

Dessa maneira, para os investidores as três principais vantagens são a elevação no nível de transparência, minoração dos riscos do negócio e um maior alinhamento entre os interesses da empresa e os seus.

Nesse contexto, no que versa a transparência, existem uma série de requisitos de prestação de contas que as empresas devem entregar para seus investidores, como é o caso das demonstrações contábeis no modelo internacional.

Essa prestação de contas permite uma redução das injustiças e, com isso, acarreta uma melhor relação entre acionistas e controladores.

Já para as empresas, as vantagens são ainda maiores, uma vez que ao ser listada no Novo Mercado as ações irão atrair mais investidores, apresentarão maior liquidez, menor risco e a minoração de algumas despesas.

Desvantagens do Novo Mercado

Da mesma forma que demonstrado anteriormente, as desvantagens serão divididas entre empresas e investidores.

Nesse sentido, para as empresas, a maior desvantagem está relacionada ao incremente de despesas administrativas, as quais aumentam por conta da exigência da criação de setores de auditoria e de compliance.

Soma-se a isso, um enrijecimento da forma de listagem das ações, pois não é possível colocar em negociação as ações preferenciais e as units, que são uma composição de ações ordinárias e preferenciais.

Aos investidores, as desvantagens não existem, visto que o segmento foi criado exclusivamente para que eles pudessem se sentir mais confortáveis ao investir.

Entretanto, alguns podem dizer que a majoração das despesas administrativas, prejudica as métricas de rentabilidade e de lucro das empresas listadas no Novo Mercado.

 

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).