Política monetária: entenda o que é e como funciona no Brasil

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Política monetária: entenda o que é e como funciona no Brasil

A política monetária adotada pelo Governo e o Banco Central do Brasil é um das principais ferramentas financeiras do país.

De fato, quando uma política monetária é implementada, todo o mercado financeiro é influenciado. Veja mais detalhes sobre o assunto no artigo a seguir.

O que é política monetária?

Política monetária é uma ferramenta de controle econômico que o Banco Central e demais instituições de autoridade no setor usam. O principal objetivo da política monetária é controlar a inflação. Por isso, ao lado da política fiscal e cambial, ela faz parte da estrutura principal das políticas financeiras do Brasil.

Dessa forma, o Governo tem influência sobre o desempenho da economia e a dinâmica de consumo.

Para atingir esse objetivo, o Governo e o Banco Central adotam medidas de políticas monetárias, como alteração da taxa Selic, para interferir na circulação da moeda e na relação de oferta e demanda do mercado financeiro.

Todo o conceito de política monetária se baseia nas metas de inflação. Assim, todo ano, o Governo fixa um objetivo e utiliza de instrumentos para atingi-lo dentro de um intervalo de tolerância de 1,5%.

Tipos de política monetária

Atualmente, existem dois tipos de política: a expansionista e a restritiva. Confira os detalhes a seguir.

Política monetária expansionista

O objetivo da política monetária expansionista é melhorar o desempenho da economia em períodos de recessão por incentivar o consumo.

Para isso, o Banco Central eleva a oferta de moeda em circulação. Essa estratégia pode ser adotada por meio da redução das taxas de juros, aumento da flexibilidade do redesconto e do prazo para pagamento.

Como resultado da maior disponibilidade de recursos, há um aumento no consumo, na produção industrial e na renda da população. Assim, o Produto Interno Bruto (PIB) também cresce.

Entretanto, essa medida é adota com mais frequência em países desenvolvidos. No Brasil, por exemplo, o Governo aplica a política expansionista somente durante períodos de crises econômicas.

Política monetária restritiva

Por outro lado, a política monetária restritiva (ou contracionista) serve para diminuir o consumo e controlar o aumento da inflação.

Quando o país apresenta um crescimento acelerado, mas sem controle de inflação, o Governo pode optar pela política restritiva para refrear a disponibilidade de moeda.

Nesse caso, o Banco Central pode aumentar as taxas de juros. Dessa forma, a demanda por crédito nos bancos é reduzida, resultando em redução do consumo, da inflação e, consequentemente, do PIB.

O Governo também pode adotar outras medidas, como:

  • Venda de títulos públicos;
  • Aumento do depósito compulsório;
  • Maior restrição de redesconto;
  • Redução de prazos.

Como funciona a política monetária brasileira?

No Brasil, o Banco Central é o responsável pela política monetária nacional. Entretanto, é o Conselho Monetário Nacional quem normatiza as ações da instituição.

Além disso, o COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) define as porcentagens de juros praticadas pelo Governo.

Alguns dos instrumentos da política monetária que o Banco Central e o Governo utilizam para controlar a inflação são:

  1. A alteração da taxa Selic;
  2. Recolhimento compulsório;
  3. Taxa de redesconto.

A alteração da taxa Selic

Na política monetária brasileira, a referência para controle da inflação é a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). Por ser a taxa base, quando o Governo a altera, isso gera um impacto em todo o mercado financeiro.

O critério usado pelo Banco Central para definir a alteração da taxa Selic é a inflação. Quando a ela é elevada, o acesso ao dinheiro é dificultado e a demanda de consumo diminui. Assim, a inflação é reduzida.

Em contrapartida, seguindo a lei da oferta e demanda, se o Governo facilita o acesso ao dinheiro por meio da redução das taxas de juros, o maior volume de investimentos eleva a inflação.

Recolhimento compulsório

Outro instrumento da política monetária que o Banco Central usa é o recolhimento compulsório, ou seja, a taxa que os bancos pagam ao realizarem transações.

Dessa forma, quando o Governo precisa restringir a circulação da moeda no país, ele opta por elevar a taxa de recolhimento compulsório e vice-versa.

Assim, o Governo consegue diminuir ou aumentar os recursos que as instituições financeiras têm para emprestar à população.

Taxa de redesconto

Por fim, a taxa de redesconto é a porcentagem de juros que o Banco Central cobra para fazer empréstimos aos bancos comerciais. Essa linha de crédito é usada para restaurar o saldo em caixa das instituições financeiras.

De fato, o Governo usa a taxa de redesconto como uma política monetária para dificultar ou facilitar o empréstimo à população, dependendo de qual o seu objetivo.

Assim, quanto menor a porcentagem de juros paga pelos bancos, menor será a taxa de juros cobrada nos empréstimos pessoais e empresariais. Em resultado, o Banco Central influencia as atividades de todo o mercado financeiro.

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Relação da política monetária e mercado financeiro

Como vimos, a política monetária tem como objetivo controlar a inflação. Atualmente, o principal instrumento utilizado pelo Bando Central é a taxa Selic. Por isso, ela tem o poder de influenciar o consumo e o mercado de investimentos.

Como o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia é a taxa base do mercado financeiro brasileiro, a sua alteração afeta diretamente a economia do país.

Embora os investidores sejam os mais afetados, especialmente os de renda fixa, as políticas monetárias trazem vários efeitos sobre o mercado financeiro como um todo.

Por exemplo, quando o Banco Central eleva a taxa Selic em uma política restritiva, há redução da inflação. Contudo, isso resulta em redução do PIB, dos investimentos por empresas e da taxa de empregabilidade do país.

Em contrapartida, com a redução da taxa Selic, o Brasil tem mais recursos para novos investimentos e o PIB tende a aumentar, assim como o número de empregados. Porém, essa política monetária resulta em aumento da inflação.

Dessa forma, o Governo e o Banco do Central precisam levar muitas variáveis em consideração ao implementar uma medida de política monetária. Afinal, ela impacta diretamente a vida dos brasileiros.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).