Ponto de equilíbrio: entenda como funciona e quais são as suas aplicações

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Identificar como anda a saúde financeira das empresas é uma das tarefas primordiais de gestão. Com isso em mente, entender como calcular e quais as implicações do ponto de equilíbrio serão um excelente balizador para tomada de decisão.

Nesse sentido, o ponto de equilíbrio busca identificar qual é o valor mínimo necessário para que a empresa atinja lucro zero, além de demonstrar a margem de contribuição de cada um de seus produtos.


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O que é o ponto de equilíbrio?

Também denominado break-even point, o ponto de equilíbrio visa demonstrar qual é o ponto crítico para que a empresa apresente um lucro igual a zero, isto é, quando a receita faz frente aos custos, despesas variáveis e despesas fixas.

Ele apresenta um papel fundamental no processo de elaboração da quantidade de produtos ou serviços que uma instituição deve vender para que seja possível, minimamente, apresentar retorno zero.

Por esse motivo, a análise do ponto de equilíbrio se mostra imprescindível ao funcionamento e a viabilidade ou a adequação dos processos de negócios dentro das empresas.

Importante lembrar, que existem três formas de calcular o ponto de equilíbrio:

  1. Ponto de equilíbrio contábil;
  2. Ponto de equilíbrio financeiro;
  3. Ponto de equilíbrio econômico.

Entendendo os pontos de equilíbrio

Como mencionado anteriormente, existem três formas de realizar o cálculo do ponto de equilíbrio, o que permite ao gestor das empresas entender como o seu negócio deve andar para alcançar a métrica básica de resultado zero.

A primeira forma de cálculo do ponto de equilíbrio é o denominado ponto de equilíbrio contábil, que tende a ser o mais famoso entre os gestores.

Nesse sentido, esse é o principal e mais utilizado. O seu cálculo se dá com base na divisão dos custos e despesas fixas a partir da denominada margem de contribuição.

Essa margem representa o valor necessário para igualar as despesas com as receitas provenientes das vendas e, é o ponto, que ao ser ultrapassado, permite à empresa gerar lucros.

Por outro turno, o ponto de equilíbrio financeiro, apesar de muito parecido operacionalmente com o anterior, acaba excluindo do cálculo das despesas a depreciação e outras despesas que a empresa não realiza desembolso.

Assim, o que conta para essa modalidade de cálculo de ponto de equilíbrio são os gastos para que a empresa exista, como é o caso de despesas administrativas e operacionais.

Por fim, o ponto de equilíbrio econômico, talvez o mais completo entre os três, acrescenta uma variável primordial, o custo de oportunidade, que será somado aos custos e despesas fixas.

Esse custo de oportunidade se configura como sendo a margem de ganho que a empresa teria se tivesse aportado em outro negócio ou em uma aplicação financeira.

Ele basicamente busca demonstrar o trade-off, isto é o impacto que uma escolha diferente teria para o negócio.

Com isso, e com base em uma taxa interna de retorno, para que seja válido aportar o dinheiro no negócio, ele deverá gerar um retorno minimante igual ao da aplicação ou do investimento em outro projeto.

Dessa maneira, o ponto de equilíbrio econômico engloba os custos de oportunidade e os outros custos inerentes a operação da empresa, apresentando, geralmente, um valor para o ponto de equilíbrio superior aos dois equilíbrios abordados anteriormente.

Agora que você já sabe os três tipos de ponto de equilíbrio utilizados no mercado, é hora de entender como calcular e analisar essa métrica, essencial para o funcionamento de qualquer empresa. 

Como calcular o ponto de equilíbrio?

Partindo do ponto de equilíbrio contábil, tem-se que para chegar ao seu valor é necessário aplicar a seguinte fórmula:

Ponto de equilíbrio contábil = custos e despesas fixas/índice da margem de contribuição

A título de exemplo, pensando em uma empresa que apresenta como planejamento a venda de 2 mil unidades de produtos a R$ 25,00 cada e, que apresenta custos de R$ 15,00 e variáveis de R$ 20,00.

Soma-se a esses custos o valor de R$ 8.000,00 em gastos fixos.

Com esses valores é possível chegar à margem de contribuição de 30%, a qual irá dividir o valor dos gastos fixos, apresentando um valor de R$ 26.666,67, o que corresponde a venda de 533 produtos.

Com isso, a empresa entende que a partir da venda do produto número 534, ela passa a ter lucro, mantendo as outras variáveis constantes.

Já para o ponto de equilíbrio financeiro, utilizando os mesmos dados para o cálculo do ponto de equilíbrio anterior, a fórmula leva em consideração a exclusão da depreciação e outras despesas que não estão ligadas ao negócio.

Ponto de equilíbrio financeiro = despesas e custos fixos – despesas não desembolsáveis/margem de contribuição

Assim, considerando os custos fora do negócio como sendo R$ 2.500,00, tem-se que será necessário vender 366 produtos para ter lucro zero e, vendas acima dessa quantidade possibilitarão a empresa auferir lucros.

Concluindo as fórmulas de se calcular os pontos de equilíbrio, tem-se o ponto de equilíbrio econômico, o qual pode ser encontrado da seguinte maneira:

Ponto de equilíbrio econômico = custos e despesas fixas + custo de oportunidade/margem de contribuição

Com isso, e considerando um custo de oportunidade de R$ 15.000,00, o número de produtos a serem vendidos para alcançar o equilíbrio é de 1533 unidades, bem acima do apresentado pelos índices anteriores.

Após identificar os valores e quantidades que irão levar o lucro da empresa a zero é momento de analisar o risco embutido no negócio, bem como delimitar quais serão as estratégias para auferir lucros.

Como analisar um ponto de equilíbrio?

A análise do ponto de equilíbrio é essencial no processo de gestão financeira das companhias, sejam elas de capital aberto, fechado, pequenas, médias ou grandes.

Assim, pode-se separar as características do ponto de equilíbrio, de forma geral, como:

  • É o indicador que versa sobre qual será o ponto em que a empresa irá ter lucro zero e, a partir dele, começar a auferir lucros;
  • Tem como base as projeções que a empresa realiza em relação a suas vendas de produtos e serviços;
  • Comumente calculado como sendo um percentual da receita que a empresa gera, seja mensal, trimestral ou anual;

Assim, partindo para as implicações do ponto de equilíbrio, tem-se que quanto menor ele for, menor será o risco embutido no negócio, além de demonstrar que o impacto dos custos variáveis é maior do que o dos custos fixos.

Dessa maneira, no caso do resultado de 80% para o ponto de equilíbrio, no caso de uma empresa que fatura em média R$ 1 milhão, ao atingir R$ 800 mil em vendas seu lucro será zero.

Por outro turno, para um ponto de equilíbrio de 30%, a empresa necessita apenas de R$ 300 mil para alcançar resultado zero, o que demonstra que o risco dela é muito menor, além de ser uma empresa mais competitiva.

Funções e vantagens da análise do ponto de equilíbrio

Conforme ficou explícito no decorrer do artigo, o cálculo do ponto de equilíbrio permite aos gestores de empresas entender qual é o valor mínimo de vendas necessário para que a empresa honre com suas despesas e custos do dia a dia.

Assim, ao determinar esse valor, a empresa tem a vantagem de montar, com maior clareza as metas de vendas, se será necessário ou não aumentar a capacidade produtiva e, além disso, identificar os produtos que têm maior margem de contribuição.

Dessa maneira, os resultados alcançados via mensuração do ponto de equilíbrio permitem que a companhia estabeleça planos no que versam as estratégias comerciais, processos operacionais e as metas financeiras.

Assim, as empresas podem entender como funciona o custo dos seus serviços, elaborar um planejamento de compras, realizar campanhas de marketing e controlar seus custos.

Portanto, fica claro que além de ser um excelente indicador para a empresa, ele também serve de insumo para a decisão dos investidores, que entendem não só como está a gestão financeira da companhia, mas também em quais produtos ela é ou não competitiva.

Considerações Finais

Uma vez que o foco do ponto de equilíbrio é demonstrar qual o valor ou a quantidade de produtos que a empresa deve vender para alcançar lucro zero, ele permite identificar qual o horizonte de tempo necessário para que ela gere lucro.

Dessa maneira, ele permite identificar se a estrutura atual da empresa consegue fazer frente ao aumento de produção ou não, o que possibilita a estruturação de projetos de expansão.

Por ser possível calculá-lo de três maneiras, a grande pergunta que fica é qual deles seria o mais indicado.

Apesar de cada empresa ter um cenário, por tratar sobre custo de oportunidade, a utilização do ponto de equilíbrio econômico tende a ser preferível, pois a margem de erro dele é maior.

Isso ocorre, pois ao utilizar os outros dois modelos, pode ser que com qualquer mudança de conjuntura as métricas adotadas para alcançá-los fiquem abaixo do necessário para alcançar lucro zero, gerando prejuízo a empresa.

Assim, ao definir qual dos pontos de equilíbrio a gestão financeira irá adotar, é primordial entender que cada um deles permite vislumbrar um cenário, sendo o melhor cenário calcular os três e compará-los, para tomar uma decisão.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).