Fundo de dívida externa: entenda o que é e como funciona

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Fundo de dívida externa: entenda o que é e como funciona

Para os investidores em títulos do Tesouro Direto, você também aplica dinheiro em papéis da dívida interna do Governo Federal. Porém, para diversificar a carteira, é possível destinar recursos para os títulos do fundo de dívida externa. 

O fundo de dívida externa é uma categoria de renda fixa. Apesar de ser pouco conhecido, é uma boa opção para o investidor diversificar a carteira com um fundo de investimento. 

O que é fundo de dívida externa?

O fundo de dívida externa é uma modalidade de aplicação em renda fixa, sendo possível aplicar no mínimo 80% dos recursos em títulos de dívida externa do Brasil no exterior. Esses títulos são negociados no mercado exterior e compõem a dívida brasileira lá. 

Para ser considerado fundo de dívida externa, é preciso aplicar os 80%. Essa regra é estabelecida pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Se não for assim, não é considerado dívida externa. 

Como o Brasil recorre às ajudas externas para equilíbrio de caixa, o governo emite títulos que podem ser comprados tanto por bancos estrangeiros quanto por governos e instituições financeiras de outros países. 

Mas é importante ressaltar que a dívida externa brasileira não é composta apenas por títulos do Governo Federal, mas também de débitos de países originados dos empréstimos no exterior. 

Sendo assim, a dívida externa se configura como tudo que um país (isso inclui governo federal, estadual, municipal e empresas privadas) deve no exterior. 

O Tesouro emite os títulos globais, também chamados de Global Bonds, em dólares, segundo o Banco Central do Brasil. Mas também há emissões em reais, euro e outras moedas. Mas os títulos em dólar são os papéis mais longos. 

As características dos títulos de fundo de dívida externa são as seguintes:

  • Definição de um cupom de juros na primeira emissão
  • Na emissão já é atribuída a taxa de juros
  • Ao vencer o título, é pago o valor principal


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Tributação e rentabilidade dos fundos de dívida externa

A primeira coisa a saber é sobre a tributação do fundo de dívida externa. Os tributos cobrados em cima do valor são o IR (Imposto de Renda), que é obrigatório.

Além disso, se o resgate for feito antes de 30 dias, também é cobrado o IOF (Impostos sobre Operações Financeiras) na tributação do título de dívida externa. Importante ressaltar que, na cobrança do IR, também é descontado o valor recolhido no come-cotas. 

Na tributação do IR no fundo de dívida externa, o valor segue a tabela dos fundos de curto prazo, sendo assim podem haver dois modelos de alíquota: 

  • 180 dias de aplicação: cobrança de 22,5%
  • Além de 180 dias de aplicação: 20%

Já com o come-cotas, que é o adiantamento do Imposto de Renda que é feito duas vezes ao ano (maio e novembro), é descontado no IR pago ao fazer o resgate. 

Ao realizar o resgate desse fundo, o desconto da alíquota do come-cotas é feito no total de 20%, já que são fundos de curto prazo. 

Rentabilidade 

A rentabilidade do fundo de dívida externa depende de dois fatores. O primeiro são os juros pagos pelos emissores dos papéis, que são pagos semestralmente. Sendo assim, entram fatores como percepção de risco, estabilidade política, cenário macroeconômico, entre outros. 

O segundo fator é a taxa de câmbio, já que o fundo de dívida externa é negociado no mercado internacional. Se o real estiver valorizado em relação ao dólar, a rentabilidade do título de dívida externa diminui se analisarmos o resultado em real.

Quais são as vantagens e desvantagens dos títulos de dívida externa?

Como visto até aqui, o investimento em títulos de dívida externa, por suas características, é uma excelente alternativa de diversificação, que pode acarretar maiores rentabilidade a porção voltada à renda fixa de uma carteira.

Nesse sentido, existem algumas vantagens e desvantagens no momento de se expor a esses ativos, via Fundos de Dívida Externa.

Entre as vantagens, é possível citar:

  1. Não é necessário investir grandes quantias;
  2. O fundo recebe de forma semestral cupons de juros;
  3. Forma prática e rápida de se expor;
  4. Excelente forma de se proteger das variações de mercado.

Por outro turno, as desvantagens são:

  1. A não proteção pelo Fundo Garantidor de Crédito, o qual protege os investidores até o valor de R$ 250 mil, por conta e por CPF.
  2. Taxas de administração acima da média dos fundos mais famosos encontrados no mercado;
  3. O come-cotas, o qual antecipa o imposto de renda;
  4. Dificuldade e, até mesmo, impossibilidade de se prever as flutuações da moeda na qual o título está atrelado.

Por isso, o investidor deve se atentar, antes de investir nos Fundos de Dívida Externa, quais são os custos, taxa de administração, tributação e, principalmente, como funciona o come-cotas, para não ter surpresas.

 

 

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).