Green Bonds: entenda o que são os títulos de dívida verde

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A pauta ESG ganha força e notoriedade a cada dia e, para se enquadrar neste quesito, empresas de diversos setores passaram a captar recursos via green bonds, uma alternativa sustentável e que eleva a competitividade delas no mercado.

Dessa maneira, ao emitirem green bonds, principalmente as empresas listadas em bolsa de valores, veem seu valor de mercado crescer vertiginosamente, além de auxiliarem na redução do impacto ambiental de suas operações.

O que são Green Bonds?

Os green bonds, que em tradução literal significam títulos verdes, são uma das modalidades de títulos de dívida que podem ser emitidos dentro do mercado financeiro. Sua emissão teve início no ano de 2014, no Compacto de Prefeitos.

Esse evento contou com a participação de 400 municípios, os quais se comprometeram a implementar projetos que visam reduzir os impactos ambientais gerados por Governos e Empresas.

Essa modalidade, diferentemente dos títulos de dívida tradicionais, tem por objetivo a captação de recursos com foco no investimento em projetos de caráter sustentável, isto é, que focam em reduzir as alterações climáticas pelo mundo.

Dessa maneira, as empresas que decidem emitir essa modalidade de título poderão utilizar o montante captado para financiar os investimentos naqueles projetos que apresentem como fim uma melhora para o ambiente, ou seja, que reduzam os impactos ambientais.

No Brasil, podem ser emitidos nessa modalidade os seguintes títulos:

  1. Debêntures;
  2. Debêntures Incentivadas de infraestrutura;
  3. Letras Financeiras;
  4. Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  5. Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  6. Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).

Importante frisar, que os investimentos em títulos verdes tem como foco o longo prazo, por isso é comum que a captação ocorra, de forma majoritária, a partir dos investidores institucionais, como fundos de pensão e de previdência.

Como investir em Green Bonds?

O primeiro passo para que seja possível investir em green bonds não vem do investidor, mas sim da empresa que deseja emitir essa modalidade de título. Dessa forma, ela deve enviar o projeto a Febraban e ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

Com esses passos finalizados, após a anuência de ambos os entes, o título será disponibilizado no mercado e, é nesse momento que o investidor entra.

Importante lembrar, que os Investimentos em Green Bonds se assemelham muito aqueles investimentos tradicionais, uma vez que também é comercializado por bancos, corretoras e demais instituições financeiras.

O investimento nesses títulos ganha força com a visão do mercado financeiro em relação às empresas ESG, acrônimo para environmental, social and governance. 

Assim, com a inclinação das companhias em adotarem práticas menos prejudiciais ao ambiente, os títulos verdes passam a ser uma excelente forma de sinalizar aos investidores o compromisso com o meio ambiente.


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Para que seja possível encontrar as empresas que são adeptas ao ESG, o investidor pode consultar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela B3.

Quais são as vantagens dos títulos verdes?

Por conta da sua característica intrínseca, a primeira grande vantagem dos títulos verdes está ligada à sustentabilidade das empresas, as quais se preocupam cada vez mais com a visão de investidores e parceiros sobre os seus impactos positivos e negativos ao meio ambiente.

Dessa forma, a emissão dos green bonds auxilia no aumento de projetos voltados à geração de energia limpa e a redução das emissões de carbono, os quais são fiscalizados por uma consultoria especial que avalia se realmente os recursos estão sendo direcionados ao objetivo do projeto.

Soma-se a isso, o fato de que as empresas que utilizam essa forma de captação apresentam maior valorização na bolsa de valores, o que consequentemente lhes proporciona aumentos consideráveis em seu valor de mercado.

Além disso, existem incentivos fiscais à emissão dos títulos verdes, que passou a valer com a publicação do decreto 10.387 de 2020. Com isso, é possível, ao emitir debêntures incentivadas, que pessoas físicas tenham alíquota de 0% sobre os rendimentos e pessoa jurídica alíquota de 15%, independente do prazo.

Para onde vai o dinheiro arrecadado com os Green Bonds?

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O primeiro questionamento que o investidor deve realizar quando vai realizar investimentos em Green Bonds é a destinação dos recursos aplicados.

Nesse sentido, de acordo com o manual criado, de forma conjunta, pela Febraban e o CEBDS, os principais caminhos que os recursos captados seguem são:

  • Eficiência energética, via construção de edifícios sustentáveis ligados a redes e sistemas inteligentes; 
  • Gestão de recursos naturais, muito ligadas ao setor agropecuário, visando a redução das emissões de carbono, a conservação e a restauração da vegetação originária dos locais onde foram instalados rebanho e outras culturas, como soja e milho;
  • Adaptações às mudanças climáticas, principalmente aos sistemas que conseguem captar mudanças bruscas do clima, criação de alertas para barragens, principalmente aquelas ligadas à mineração;
  • Energia renovável, talvez o destino mais comum da emissão dos green bonds, a partir da criação de sistemas de energia eólica, hidráulica, solar, entre outras.

Assim, ao ler o prospecto da emissão do título verde, o investidor já terá uma noção de quais são os destinos dos recursos que serão levantados pela empresa, bem como se esse destino está de acordo com o manual da Febraban e do CEBDS.

Green Bonds no Brasil

Conforme mencionado no início do artigo, em meados de 2014 o Brasil passou a estruturar a emissão dos títulos verdes pelas empresas nacionais com foco na captação internacional.

Assim, a primeira empresa a realizar a captação com esse instrumento foi a BRF, que na época captou cerca de 500 milhões de euros. Na mesma linha, posteriormente, Suzano e Taesa conseguiram captar no mercado doméstico e internacional recursos para seus projetos.

Na América Latina o Brasil é o líder em emissões verdes, tendo alcançado seu recorde no ano de 2021, quando foram emitidos 107 títulos, os quais movimentaram cerca de 84 bilhões de reais, valores expressivos, que aumentaram vertiginosamente quando comparados a anos anteriores.

Esse aumento tem relação direta com a visão das empresas sobre como o mercado e os investidores enxergam as companhias preocupadas com o meio ambiente, o que faz com que a procura por emissões de green bonds se intensifique.

 

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).